terça-feira, 2 de agosto de 2011

A estrela da manhã (ou da alva) II Pedro 1. 16 - 21

O apóstolo faz alusão à confirmação da palavra profética (com respeito ao reino do Messias no Velho Testamento) recebida da visão no monte santo onde ocorreu a transfiguração do Senhor e apareceram Moisés e Elias que falavam com Ele e estavam presentes Pedro, João e Tiago (Mateus 17, Marcos 9, Lucas 9). Logo, ele diz que os santos, aos quais ele se dirige, fizeram bem em atentar para aquela palavra, como uma candeia que alumia em lugar escuro. Entretanto, ele confidencia que há uma luz mais forte (superior) para a candeia profética, preciosa, tal como a do sol, que excede em brilho a tudo o que tem luz. Além disso, e ainda mais oportuno, que essa luz é auxílio no meio da escuridão. A verdadeira força do texto é, “até que o dia clareie e a estrela da manhã nasça em vossos corações”. Não se faz aqui referência ao dia, ou à época da aparição do Senhor em poder e glória no mundo.

O texto não fala daquilo que vai surpreender e encher a terra de benção depois do julgamento, mas sua finalidade é de encher o coração dos santos com a esperança celestial. A profecia é excelente em seu devido lugar: adverte das más obras, do juízo vindouro e do triunfo final de tudo o que pertence a Deus. A esperança celestial é ainda melhor, o pleno brilho que o apóstolo desejava despertar neles. É notável que a única estrela da manhã da qual a palavra profética tinha falado antes do tempo de Pedro, não falava sobre Cristo, mas sim sobre o Anticristo, tipificado pelo rei da Babilônia em Isaias 14.12.

E em Apocalipse o Senhor é chamado “a estrela da manhã”, não nos detalhes das visões proféticas, mas mencionado em uma das cartas às sete igrejas e nas palavras finais no encerramento do livro. Isto fala de Cristo como o próprio objeto de nossa esperança e desejo ardente, independentes desses eventos terrestres, passados ou futuros, com os quais a profecia se ocupa e que são importantes em seus devidos lugares. Tal candeia é realmente boa, cultivemos nós a melhor luz, a qual Deus pode dar para nosso coração - esperar Cristo como nosso Noivo.

O significado do versículo 20 é que nenhuma profecia da Escritura tem sua própria interpretação, isto é, ‘não é explicada por seu próprio significado’, isoladamente, como uma declaração humana. Deve ser entendida pelo e de acordo com o Espírito que a proferiu. A “profecia” é ‘o sentido da profecia’, o objeto apontado por ela. Ora, profecia não é um ‘ajuntado’ feito por qualquer interpretação humana de uma passagem isolada, que tenha seu próprio significado e sua própria solução, como se um homem a proferisse; porque “qualquer profecia” é uma parte dos pensamentos de Deus, proferida por homens santos que foram movidos pelo Espírito Santo para proferi-la. Na “profecia da Escritura” (vs.20) o apóstolo tem em mente a coisa profetizada, sem perder a ideia do texto.

Cristo é o objeto do Espírito Santo na profecia, tal como era Ele o objeto do Pai no monte da transfiguração. Ao isolar de Cristo qualquer parte da “profecia” perde-se o real entendimento de seu propósito.

“...porque o testemunho de Jesus é o espírito da profecia” (Apocalipse 19.10), vemos neste versículo que “o espírito da profecia”, ou seja, o propósito, o objeto da profecia é dar testemunho de Jesus, assim que, repito, ao isolar de Cristo qualquer parte da “profecia” perde-se o real entendimento de seu propósito.